quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

CÁRIES RADICULARES




CÁRIES RADICULARES

O ser humano vem adquirindo, uma longevidade cada vez maior: menores índices de mortalidade e de fecundidade contribuem para que a porcentagem de idosos cresça mais velozmente do que qualquer outra faixa etária.
Na Odontologia, a evolução das medidas curativas a também das preventivas, ofereceram um maior número de idosos com maior quantidade de dentes naturais e, consequentemente, a um maior número de dentes passíveis de ser carie, a manutenção de elementos da dentição natural na boca nesta idade pode ser um indício de uma boa qualidade de saúde oral através da vida; no entanto, este bom comportamento de higiene pode ser alterado, por exemplo, devido a um declínio da cognição, da habilidade funcional e outros efeitos da idade relacionados com enfermidades.
É necessário saber, das condições da saúde geral e do aspecto fisiológico de um paciente idoso, visto que podem interferir no planejamento e na terapia odontológica dos idosos, cabendo ao cirurgião-dentista adotar uma terapêutica da cárie de raiz baseada na interdisciplinaridade com outras áreas de saúde, no sentido de otimizar o prognóstico e conferir uma maior qualidade de vida à terceira idade.
O idoso institucionalizado, em sua maioria, possui altos índices de placa e doenças dentais associadas, e que medidas preventivas geralmente não são realizadas satisfatoriamente pelos cuidadores, facilitando a instalação da cárie de raiz. 
Dieta
que a predileção do idoso por alimentos fáceis de mastigar e de dúbio valor nutricional é grande responsável pelo desenvolvimento das lesões de cárie radicular; o hábito que o idoso possui de chupar balas, na tentativa de aliviar o desconforto proporcionado pela sensação de boca seca causada pela hiposalivação, comum nesta faixa etária.
O consumo de carboidratos complexos e fibras é preciso nesta fase da vida, em detrimento do uso do açúcar refinado; além disso, à medida que a idade avança, nosso organismo fica menos tolerante à glicose.  No que se refere à saúde bucal e à prevenção da cárie, devemos lembrar que muitos idosos têm habilidade manual diminuída, devido a problemas vários, como artrose e doença de Parkinson.
Abfrações
A presença de sobrecarga oclusal sobre um dente pode induzir à perda paulatina de esmalte, cemento e dentina por enfraquecimento e desestruturação desses tecidos, formando a abfração, sorte de lesão cervical não cariosa.
A perda dos tecidos duros por etiologia não-cariosa, mesmo não sendo a razão direta da lesão de cárie radicular, aumentam a proximidade da polpa com o meio bucal; e intercorrências que dificultem a higienização local, como hospitalizações, comuns na idade avançada, podem tornar eventuais lesões de cárie radicular ainda mais prejudiciais aos dentes
Hiposalivação
As funções lubrificante, digestiva e protetora da saliva são primordiais para a manutenção da saúde bucal.  No que concerne à cárie de raiz, seu poder remineralizador dos tecidos duros e diluidor de açúcares além do efeito tampão, são fundamentais componentes para a manutenção da saúde dos dentes e da mucosa.
Tratamento
As lesões de cárie radicular são usualmente amplas, porém não profundas, e com a tendência de contornar a raiz, dificultando a terapêutica restauradora.  Portanto, a melhor terapêutica está baseada nas medidas preventivas.

Devemos levar em conta a dificuldade do tratamento de cáries radiculares devido à localização das lesões e ao número de superfícies envolvidas; o ideal é preveni-las, mas quando da ocorrência de franca cavitação, o tratamento curativo torna-se necessário. 
CLASSIFICAÇÃO DAS CÁRIES RADICULARES
Grau 1 (lesões incipientes)- tratadas com polimento e aplicação de flúor
Grau 2 (lesões rasas, não cavitadas) igualmente tratadas ou sofreriam odontoplastia (recontorno anatômico) e polimento
Grau 3 (cavitadas). Restauradas com cimento de ionômero de vidro por suas propriedades anticariogênica e antibacteriana, a adesão ao dente, à coloração semelhante à do dente e boa estabilidade dimensional, devendo ser feito um preparo cavitário em forma de caixa quando do uso deste material, se possível.
 O IV é um material excelente, que causa mínima recorrência de lesões, e cogita a possibilidade dos fotopolimerizáveis permitirem um melhor manuseio e deter melhores propriedades, incluindo resistência à dissolução. 
 Quanto à resina composta, esta não tem sido recomendada para o tratamento das cáries radiculares;
Obviamente, a higiene oral apropriada continua sendo de alta eficácia na prevenção de cáries também na terceira idade.  Como frequentemente o paciente geriátrico apresenta alteração nos padrões de higiene, redução de habilidade manual, diminuição da capacidade cognitiva, desinteresse em cuidar da própria saúde por depressão, dentre outros fatores, que dificultam sobremaneira a higiene adequada e conseqüentemente a saúde oral, a intervenção interdisciplinar do cirurgião-dentista, cuidadores, e outros profissionais de saúde é imperiosa no sentido de evitar as cáries radiculares.
RESUMO
  • A cárie radicular é prevalente nos idosos, particularmente institucionalizados e hospitalizados;
  • A dieta baseada em carbohidratos, além de promover nutrição inadequada, é fator de risco para o aparecimento da cárie radicular;
  • O tratamento preventivo, através de orientações educativas aos cuidadores e/ou familiares e ao idoso independente, numa abordagem interdisciplinar, é o meio mais adequado de terapêutica;
  • No caso das lesões cariosas já instaladas, podemos ainda optar por métodos conservadores, como fluorterapia (bochechos, géis, dentifrícios, balas ou pastilhasque liberem flúor) ou odontoplastia;
  • O amálgama de prata, as resinas compostas e os cimentos de ionômero de vidro seriam indicados conforme a necessidade prioritária do caso, respectivamente: durabilidade, estética e grau de risco;
  • A não observação de desarmonia de oclusão e de abfração presentes, mais a não eliminação do fator causal, id est, o ajuste oclusal, pode induzir ao insucesso do tratamento restaurador, podendo provocar deslocamento da restauração, independente do material escolhido e da retenção conferida ao preparo cavitário.

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