CÁRIES RADICULARES
O ser humano vem adquirindo, uma longevidade cada vez maior: menores índices de mortalidade e de fecundidade contribuem para que a porcentagem de idosos cresça mais velozmente do que qualquer outra faixa etária.
Na Odontologia, a evolução das medidas curativas a
também das preventivas, ofereceram um maior número de idosos com maior
quantidade de dentes naturais e, consequentemente, a um maior número de dentes
passíveis de ser carie, a manutenção de elementos da dentição natural na boca
nesta idade pode ser um indício de uma boa qualidade de saúde oral através da
vida; no entanto, este bom comportamento de higiene pode ser alterado, por
exemplo, devido a um declínio da cognição, da habilidade funcional e outros efeitos
da idade relacionados com enfermidades.
É necessário saber, das condições da saúde geral e
do aspecto fisiológico de um paciente idoso, visto que podem interferir no
planejamento e na terapia odontológica dos idosos, cabendo ao
cirurgião-dentista adotar uma terapêutica da cárie de raiz baseada na
interdisciplinaridade com outras áreas de saúde, no sentido de otimizar o
prognóstico e conferir uma maior qualidade de vida à terceira idade.
O idoso institucionalizado, em sua maioria, possui
altos índices de placa e doenças dentais associadas, e que medidas preventivas
geralmente não são realizadas satisfatoriamente pelos cuidadores, facilitando a
instalação da cárie de raiz.
Dieta
que a predileção do idoso por alimentos fáceis de mastigar e de dúbio valor nutricional é grande responsável pelo desenvolvimento das lesões de cárie radicular; o hábito que o idoso possui de chupar balas, na tentativa de aliviar o desconforto proporcionado pela sensação de boca seca causada pela hiposalivação, comum nesta faixa etária.
que a predileção do idoso por alimentos fáceis de mastigar e de dúbio valor nutricional é grande responsável pelo desenvolvimento das lesões de cárie radicular; o hábito que o idoso possui de chupar balas, na tentativa de aliviar o desconforto proporcionado pela sensação de boca seca causada pela hiposalivação, comum nesta faixa etária.
O consumo de carboidratos complexos e fibras é
preciso nesta fase da vida, em detrimento do uso do açúcar refinado; além
disso, à medida que a idade avança, nosso organismo fica menos tolerante à
glicose. No que se refere à saúde bucal e à prevenção da cárie, devemos
lembrar que muitos idosos têm habilidade manual diminuída, devido a problemas
vários, como artrose e doença de Parkinson.
Abfrações
A presença de sobrecarga oclusal sobre um dente
pode induzir à perda paulatina de esmalte, cemento e dentina por
enfraquecimento e desestruturação desses tecidos, formando a abfração,
sorte de lesão cervical não cariosa.
A perda dos tecidos duros por etiologia
não-cariosa, mesmo não sendo a razão direta da lesão de cárie radicular,
aumentam a proximidade da polpa com o meio bucal; e intercorrências que
dificultem a higienização local, como hospitalizações, comuns na idade
avançada, podem tornar eventuais lesões de cárie radicular ainda mais
prejudiciais aos dentes
Hiposalivação
As funções lubrificante, digestiva e protetora da
saliva são primordiais para a manutenção da saúde bucal. No que concerne
à cárie de raiz, seu poder remineralizador dos tecidos duros e diluidor de
açúcares além do efeito tampão, são fundamentais componentes para a manutenção
da saúde dos dentes e da mucosa.
Tratamento
As lesões de cárie radicular são usualmente amplas,
porém não profundas, e com a tendência de contornar a raiz, dificultando a
terapêutica restauradora. Portanto, a melhor terapêutica está baseada nas
medidas preventivas.
Devemos levar em conta a dificuldade do tratamento
de cáries radiculares devido à localização das lesões e ao número de
superfícies envolvidas; o ideal é preveni-las, mas quando da ocorrência de
franca cavitação, o tratamento curativo torna-se necessário.
CLASSIFICAÇÃO DAS CÁRIES RADICULARES
Grau 1 (lesões incipientes)- tratadas com polimento
e aplicação de flúor
Grau 2 (lesões rasas, não cavitadas) igualmente
tratadas ou sofreriam odontoplastia (recontorno anatômico) e polimento
Grau 3 (cavitadas). Restauradas com cimento de
ionômero de vidro por suas propriedades anticariogênica e antibacteriana, a
adesão ao dente, à coloração semelhante à do dente e boa estabilidade
dimensional, devendo ser feito um preparo cavitário em forma de caixa quando do
uso deste material, se possível.
O IV é um
material excelente, que causa mínima recorrência de lesões, e cogita a
possibilidade dos fotopolimerizáveis permitirem um melhor manuseio e deter
melhores propriedades, incluindo resistência à dissolução.
Quanto à
resina composta, esta não tem sido recomendada para o tratamento das cáries
radiculares;
Obviamente, a higiene oral apropriada continua
sendo de alta eficácia na prevenção de cáries também na terceira idade.
Como frequentemente o paciente geriátrico apresenta alteração nos padrões de
higiene, redução de habilidade manual, diminuição da capacidade cognitiva,
desinteresse em cuidar da própria saúde por depressão, dentre outros fatores,
que dificultam sobremaneira a higiene adequada e conseqüentemente a saúde oral,
a intervenção interdisciplinar do cirurgião-dentista, cuidadores, e outros
profissionais de saúde é imperiosa no sentido de evitar as cáries radiculares.
RESUMO
- A
cárie radicular é prevalente nos idosos, particularmente institucionalizados
e hospitalizados;
- A
dieta baseada em carbohidratos, além de promover nutrição inadequada, é
fator de risco para o aparecimento da cárie radicular;
- O
tratamento preventivo, através de orientações educativas aos cuidadores
e/ou familiares e ao idoso independente, numa abordagem interdisciplinar,
é o meio mais adequado de terapêutica;
- No
caso das lesões cariosas já instaladas, podemos ainda optar por métodos
conservadores, como fluorterapia (bochechos, géis, dentifrícios, balas ou
pastilhasque liberem flúor) ou odontoplastia;
- O
amálgama de prata, as resinas compostas e os cimentos de ionômero de vidro
seriam indicados conforme a necessidade prioritária do caso,
respectivamente: durabilidade, estética e grau de risco;
- A
não observação de desarmonia de oclusão e de abfração presentes, mais a
não eliminação do fator causal, id est, o ajuste oclusal, pode
induzir ao insucesso do tratamento restaurador, podendo provocar
deslocamento da restauração, independente do material escolhido e da
retenção conferida ao preparo cavitário.